Por: James Pedro Nadin da Sirius Consulting
Através do Mapeamento do Fluxo de Valor, com o desenho do fluxo de materiais e as informações de todas as etapas que percorrem o produto/serviço, é possível identificar grandes focos de desperdício, sugerir novas alternativas (estado futuro) e um plano de ação com as etapas que deverão ser cumpridas para se chegar à situação ideal.
Saiba mais a seguir…
Sobre a ferramenta
A ferramenta do Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) foi inicialmente introduzida em 1998, para auxiliar a implementação dos princípios de produção enxuta nas empresas, principalmente nas automobilísticas.
Buscando a redução dos estoques e o aumento da velocidade dos fluxos na cadeia de suprimentos, aumentando a flexibilidade e a produtividade, com consequente redução de necessidade de capital de giro, ao mesmo tempo em que pode responder melhor às necessidades dos clientes ela foi se tornando um sucesso.
Sendo assim, o MFV é uma das ferramentas mais utilizadas no universo de aplicações da Produção Enxuta, como um método de modelagem de empresas com um procedimento para a construção de cenários de manufatura.
O que o Mapeamento do Fluxo de Valor leva em consideração?
Esta modelagem leva em consideração tanto o fluxo de materiais como o fluxo de informações, auxiliando o processo de visualização da situação atual e na construção da situação futura, sendo entendido como fluxo de valor, o conjunto de todas as atividades que
ocorrem desde a obtenção da matéria prima até a entrega ao consumidor do produto final.
Onde ele ocorre?
Este fluxo de valor ocorre tanto nos processos internos quanto externos das organizações, sendo possível identificar onde se pode gerar valor ou eliminar os desperdícios.
Sem o mapa do estado atual imagina-se conhecer os potenciais de melhorias e necessidades de redução dos desperdícios, porém através do MFV, ao coletar as informações reais pelos processos, as verdadeiras oportunidades de melhorias são facilmente enxergadas.
O elemento que faltava na MFV
A perspectiva do fluxo de valor já havia sido apontada no “Mentalidade Enxuta”, por WOMACK & JONES (1996), como fundamental na transformação lean, mas faltava o passo seguinte: uma ferramenta capaz de olhar para os processos de agregação de valor horizontalmente. Isso significava romper com a perspectiva tradicional de examinar departamentos ou funções e enfatizar as atividades, ações e suas conexões no sentido de criar valor e fazê-lo fluir, desde os fornecedores até os clientes finais.
Como contemplado o fluxo de valor é toda a ação (que agrega valor ou não) necessária para conduzir um produto por seus fluxos essenciais, desde a matéria prima até o atendimento das necessidades do cliente.
“Sempre que há um produto para um cliente, há um fluxo de valor. O desafio é enxergá-lo”
O Mapeamento do Fluxo de Valor e a produção enxuta
Grande parte das empresas ocidentais têm se empenhado na implementação de processos de transformação de acordo com as técnicas da filosofia de produção enxuta (lean production), motivando iniciativas no sentido de sistematizar e adaptar as técnicas japonesas de produção para estas empresas ocidentais.
Para minimizar os desperdícios de produção, seus efeitos e prosseguir com a busca contínua de “zero defeitos, tempo de preparação zero estoque zero, movimentação zero, lead time zero e lote unitário”, a produção enxuta lança mão de algumas técnicas e ferramentas como o layout celular, o kanban e o Mapeamento do fluxo de Valor, entre outras.
Contextualizando
No contexto da produção enxuta, o pensamento enxuto é uma filosofia operacional ou um sistema de negócios para especificação de valor, alinhando na melhor sequência as ações que criam valor, de forma que estas atividades sejam realizadas toda vez que alguém solicitar e de forma mais eficaz.
Ou seja, fazer cada vez mais com cada vez menos esforço humano, equipamentos, tempo e espaço, oferecendo ao cliente o que ele deseja no tempo certo.
Com este propósito, o Mapeamento do Fluxo de Valor é uma ferramenta que oferece:
- A visualização clara dos processos de manufatura e de alguns desperdícios;
- Diretrizes eficazes de análise que auxiliam no projeto de otimização do fluxo
- Eliminação destes desperdícios.
A simples aplicação de técnicas enxutas em partes isoladas da empresa tem gerado resultados distorcidos, embora o mundo todo da manufatura tenha diversas experiências com a produção enxuta.
Portanto, é importante considerar alguns princípios do pensamento enxuto antes de partir para a aplicação de técnicas isoladas, adequando-se à situação particular de cada empresa e superando as dificuldades de implementação das mesmas.
Neste contexto, o Mapeamento do Fluxo de Valor apresenta-se como uma ferramenta adequada, por considerar todo o fluxo, de forma sistêmica possibilitando melhorias em todo o processo, oferecendo diversas vantagens.
Identificação das fontes de desperdício no fluxo de valor
O MFV mostra a relação entre o fluxo de informação e o de material, algo que nenhuma outra ferramenta faz.
Descreve também, de forma detalhada como a operação deve funcionar, além de fornecer uma linguagem comum para tratar dos processos de manufatura e tomar as decisões sobre o fluxo visíveis, de modo que seja possível discuti-las.
A abrangência do Mapeamento do Fluxo de Valor na Gestão da Cadeia de Suprimentos
O Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) é conhecido na Toyota como “Mapeamento do fluxo de informação e material”, utilizado para retratar o estado atual e o futuro, ou o “ideal, no processo de desenvolvimento dos planos de implantação para instalar os sistemas enxutos, eliminando os desperdícios e agregando valor.
Na Toyota os três fluxos da manufatura são estudados: os fluxos de materiais, de informações e de pessoas/processos. O método do MFV cobre os dois primeiros.
A importância do MFV na Gestão da Cadeia de Suprimentos é vista ao identificar e quantificar a amplificação da demanda, ocasionada pelo efeito chicote.
A integração de uma cadeia de suprimentos ocorre essencialmente pela coordenação de dois fluxos, os fluxos de materiais e informações. A partir da compreensão acerca do comportamento destes fluxos e com base nos conceitos referentes à produção enxuta, é possível intervir e efetuar melhorias em uma cadeia de suprimentos.
4 passos para o Mapeamento do Fluxo de Valor
Os seguintes passos devem ser seguidos ao elaborar um Mapeamento do Fluxo de Valor:
1) Selecionar uma família de produtos
Uma família é um grupo de produtos que passam por etapas semelhantes de processamento utilizando equipamentos comuns.
Devem ser identificados nesta fase os diferentes “part numbers” desta família, assim como a demanda do cliente e a frequência de entrega.
Como observação, as empresas tendem a ser organizadas por departamentos e funções, e não pelo fluxo de etapas que agregam valor para as famílias de produtos.
2) Definir um “gerente do fluxo de valor”
Este “gerente” é fundamental no processo de elaboração, pois será o responsável pelo entendimento do fluxo de valor da família de produtos escolhida e por sua melhoria.
3) Desenhar o estado atual
Este desenho consiste basicamente em retratar a realidade do processo, sendo coletados os dados no chão de fábrica com todas as informações necessárias para desenvolver um estado futuro.
O interessante é que neste momento as idéias sobre o estado futuro florescem ao passo em que o mapa atual vai sendo elaborado e os pontos observados. Do
mesmo modo desenhar o estado futuro demonstrará importantes
informações sobre o estado atual que não foram percebidos.
4) O passo final é definir um plano de ação para chegar ao estado futuro
Quando este for realidade, deverá ser traçado um novo mapa do estado futuro que representará a melhoria contínua no nível do fluxo de valor.
Como observação deve-se destacar que o tempo para esta atividade não deve prolongar-se por mais de dois dias, ou seja ao final deste período deve estar registrado o mapa do estado futuro e seu plano de ação para a implementação.
Neste momento não se deve buscar o ótimo e sim a melhoria contínua conforme a evolução do trabalho, ficando caracterizado o princípio do Kaizen – melhoria contínua.
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